Natural do Ceará, Pedro Mattos foi um expoente tanto no magistério quanto no jornalismo, estabelecendo-se enquanto figura chave para o desenvolvimento do ensino público do país.
Antes mesmo de compor os quadros do Distrito Federal e por indicação do Diretor de Instrução deste, Fernando de Azevedo, assumiu a Direção Geral de Instrução do Acre, em 1929. Dentre os desafios aceitos e devidamente cumpridos, estavam a reorganização do ensino primário e a ampliação do alcance das escolas rurais do território acreano, aos moldes do que fora a reforma do ensino empreendida por seus pares na capital federal. Data deste mesmo ano a publicação, de sua autoria, do relatório sobre alfabetização e ensino público, direcionada ao Sr. Hugo Carneiro, então governador daquele estado.
Três anos mais tarde, retornou ao Distrito Federal sob convite de Anísio Teixeira para secretariar sua Diretoria de Instrução Pública Municipal, assumindo o cargo de subdiretor técnico em 1933. Em maio do ano seguinte, foi nomeado chefe da Seção de Recenseamento, Matrícula e Frequência, sendo chamado para responder pelo expediente da Diretoria de Instrução Pública, Estatística e Biblioteca aproximadamente no mesmo período, em virtude do afastamento temporário de Anísio Teixeira. Entre os meses de abril e setembro de 1935, foi designado Diretor interino da pasta, agora renomeada para Departamento de Educação, até o retorno de seu titular, quando foi então transferido para a chefia do gabinete deste. Em dezembro, juntamente com toda a equipe vinculada ao Prefeito Pedro Ernesto e em apoio a este, pediu demissão do cargo, com dispensa aceita e publicada em 25/12/1935. No entanto, em janeiro de 1936, retornou para a Divisão de Obrigatoriedade Escolar e Estatística do Departamento de Educação, no cargo de chefia, com a missão de empreender a reorganização do ensino primário da capital federal. Nesse sentido, elaborou o Plano de Matrícula das Escolas Públicas Elementares, com vistas a um projeto educacional que abrangesse todas as demais unidades federativas. Em 1938, foi nomeado pelo então Secretário de Educação e Cultura Paulo de Assis Ribeiro, em comissão ao lado de grandes vultos do cenário da educação nacional, como Carneiro Leão e Annibal Prata, para estabelecer as bases da regulamentação da carreira dos profissionais do ensino.
Redator d’O Globo, a despeito de devotar seus esforços em prol da educação, jamais foi esquecido por sua atuação na imprensa. A esta manteve-se fiel e participativo até o fim de sua vida, prestando entrevistas e contribuições sob a forma de artigos informativos acerca do ensino nacional, unindo num só trabalho as duas paixões. Foi também funcionário do Departamento de Difusão Cultural do Rio de Janeiro, emitindo periodicamente programas informativos na rádio e membro do corpo da Agremiação do Gymnasio Metropolitano, onde exerceu a prática docente.
É autor do livro “Trinta dias em águas do Amazonas”, onde reúne seus relatos sobre a estadia em Belém do Pará e Rio Branco, quando lá esteve como Diretor da Instrução do Acre; bem como suas impressões sobre a região amazônica, recém explorada e ainda alvo de curiosidades.
Faleceu em 27/01/1945, deixando viúva Alzira de Abreu Mattos.
Amanda Vilela