Casado com a Sr. Firmina Rodrigues Silva Lopes e pai de João Pereira Lopes Filho, Dr. João Pereira Lopes nasceu no bairro da Saúde, Rio de Janeiro, em 23/09/1832.
Médico de formação, logo após diplomar-se, prestou seus primeiros serviços combatendo a infestação de Cholera Morbus em sua vizinhança, até transferir-se para São Cristóvão, onde passaria a vida. Clinicou durante anos nos arredores de seu bairro, onde alcançara grande prestígio após sua firme campanha, ao lado de Drs. como Rodrigues de Oliveira, Bernardo Peixoto, José Peixoto, Paulino Vidigal, Gaudie Ley e Chavantes, contra as epidemias de febre amarela e varíola que assolaram a região em meados do séc. XIX.
Um dos maiores expoentes do Partido Liberal, João Pereira Lopes ingressou na esfera política ainda sob o regime monárquico, no cargo de Vereador da Câmara Municipal, alçando, inclusive, a presidência desta. Ao longo dos quatro anos de sua gestão, foi responsável por fundar o Hospital de Santa Thereza, tendo em vista como principais pacientes os empregados do Matadouro de Santa Cruz. Correligionário dos ideais abolicionistas, prestou contribuições à causa ao participar da criação do Livro de Ouro, Fundo de Emancipação* da Câmara Municipal que, não obstante seu caráter dissonante mesmo entre o grupo abolicionista, cumpriu um papel maior, enquanto dispositivo legal, de enfatizar a urgência da pasta de libertação e extinção do escravismo. Instaurada a República, teve parte no Conselho, elegendo-se inúmeras vezes para exercer a função de Juiz de Paz da Freguesia de São Christovão. Mais adiante, fora nomeado subdelegado de polícia da mesma freguesia e ainda Diretor Geral do Patrimônio Municipal, cadeira esta a qual ocupou durante 13 anos, entre incorporações e alterações diversas na estrutura dos órgãos públicos, até aposentar-se por invalidez em 1908.
Sócio honorário da Sociedade Beneficente dos Artistas e do Congresso Beneficente Dr. Theodorico de Souza; e membro – administrador das Irmandade da Igreja de Nossa Senhora da Conceição e Dôres, e S. João Baptista e Nossa Senhora do Alívio; recebeu também o título de Cavaleiro da Ordem da Rosa.
Após 3 meses gravemente enfermo, faleceu a 03/12/1912, às 14h em sua residência, sendo sepultado no Cemitério de São Francisco Xavier, às expensas da Prefeitura.
Amanda Vilela.
(*) O Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro tem sob sua custódia documentação relativa ao referido Fundo de Emancipação. Para maiores informações: http://www.rio.rj.gov.br/web/arquivogeral/serie-escravidao.