Imagem

LACOMBE, Américo Lourenço Jacobina
Secretário Geral de Educação e Cultura

Nascido no seio das tradicionais famílias Jacobina e Lacombe, Américo Lourenço Jacobina Lacombe nasceu no Rio de Janeiro em 07 de julho de 1909. Filho de Domingos Lourenço Lacombe e Isabel Jacobina Lacombe, uniu-se em matrimônio a Gilda Masset, com quem teve cinco filhos.

Fez as primeiras letras na famosa escola de sua família, o Colégio Jacobina, fundado por sua mãe. Todavia, foi em Belo Horizonte, onde morou durante um ano por motivos de saúde, que concluiu seus estudos no Colégio Arnaldo. De volta à Capital Federal, cursou entre 1927 e 1931 a Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Na sequência, sem interesse em prosseguir na profissão, doutorou-se em 1933. Já neste período, destacou-se por sua atuação no Centro Acadêmico Jurídico Universitário (CAJU) e na revista do grêmio. Foi também nos anos de mocidade que aproximou-se da Ação Universitária Católica, do Centro Dom Vital e de círculos integralistas.

Ainda durante a graduação, participou das primeiras edições da Conferência Nacional de Educação e da Associação Brasileira de Educação, pavimentando o caminho para a sua nomeação, após sua formatura, para o Conselho Nacional de Educação, que secretariou entre 1931 e 1939. Neste último ano, integrou o Instituto Brasileiro de Cultura. Igualmente iniciou neste período a carreira docente. Dentre as diversas instituições em que lecionou, destacam-se o Colégio Jacobina, São Bento, Sion, e o Santo Inácio. No nível superior participou da fundação em 1941 e integrou o quadro docente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), assim como da Universidade Santa Úrsula (USU) e do Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores. Neste último, integrou a Comissão de Textos de História do Brasil.

Em 1939, foi nomeado Diretor da Casa de Rui Barbosa (transformada em Fundação Casa de Rui Barbosa), a quem já devotava estudos e de quem organizou o volume de cartas Mocidade e Exílio (1934). A frente do órgão até sua morte em 1993, Jacobina Lacombe foi responsável por transformá-lo em um centro de ensino, pesquisa e preservação da casa-museu e de seu acervo documental. Em 1972, foi um dos articuladores da criação do Arquivo-Museu de Literatura Brasileira sediado na instituição. Também trabalhou na coordenação da publicação das obras completas do jurista baiano em mais de 150 volumes e que se configurou como um dos mais ousados projetos editoriais brasileiros de então.

Seus caminhos traçados na editoração o levariam a ser escolhida pela Companhia Editora Nacional para coordenar a sua coleção Brasiliana, dedicada à temáticas brasileiras em uma perspectiva multidisciplinar. A frente da tarefa entre 1956 e 1993, Jacobina Lacombe foi responsável pela escolha dos títulos, sua preparação editorial e por prefaciar e/ou traduzir diversos volumes da coleção. Neste sentido, é notável a contenda que se envolveu com o historiador e editor da coleção editorial História Nova do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) Nelson Werneck Sodré a respeito do parecer feito por Jacobina Lacombe da dita coleção através do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) em 1968, que culminou na censura dos livros e, segundo Sodré, na perseguição dos seus autores. Dentre as acusações, comentou-se ainda a exclusão promovida por Jacobina Lacombe de autores marxistas da coleção Brasiliana.

Entre 1959 e 1960, foi Secretário Geral de Educação e Cultura do Rio de Janeiro. Na pasta, buscou pensar o novo papel cultural da cidade às vésperas da transferência da capital federal para Brasília. Neste sentido, integrou a comissão de planejamento das comemorações do quarto centenário da cidade que viriam a ocorrer em 1965 e organizou concursos de poesia e prosa para a população carioca. Nas escolas, combateu as denúncias de maus tratos a menores em internatos e posicionou-se contra a medida em voga da municipalidade de financiar a matrícula de excedentes da rede pública em colégios privados como forma de sanar a deficiência de vagas. Segundo Jacobina Lacombe, a disparidade entre o número de alunos e mestres se dava em função da falta de planejamento das escolas, que ele intentava combater por meio da extinção do terceiro turno e pela criação de uma Escola Normal na Zona Sul da cidade e na Leopoldina. A contenda em relação a matrícula de excedentes no Instituto de Educação, que se dava, na visão do biografado, pela inabilidade das candidatas e não pela ausência de vagas, o levou a pedir exoneração da pasta. De 1962 a 1963, dirigiu a Casa do Brasil na Cidade Universitária de Paris, situação em que lecionou a cátedra de Civilização Brasileira na École des Hautes Études de l’Amérique Latine. Ainda em 1962, foi um dos fundadores do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES). Nos anos seguintes, foi membro do Conselho Consultivo do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do IPHAN.

Foi autor de diversos livros, artigos e conferências nas áreas de História do Brasil e História Intelectual, além de traduzir diversas obras para o português e coordenar a edição de tantas mais.

Foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) em 1974, ocupando a cadeira de nº 19. Igualmente foi membro do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB), que presidiu entre 1985-91, além de outras instituições congêneres no Brasil e Portugal. Destas, destaca-se o Instituto Histórico de Petrópolis, do qual foi fundador e é patrono da cadeira nº 28. Foi ainda membro do Conselho da Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa e presidente da Alliance Française do Rio de Janeiro, o que lhe valeu a entrega da Cruz da Legião de Honra.

Vítima de um infarto, veio a falecer em 07 de abril de 1993 no Rio de Janeiro. Velado no saguão da ABL, seus restos mortais foram sepultados no mausoléu da família no Cemitério São João Batista.

Seu acervo particular e de sua família se encontram hoje na Fundação Casa de Rui Barbosa. Em homenagem, seu nome é dado ao prédio anexo à instituição.

Caio Mathias

Fontes

Palavras-chave