GUIMARÃES JÚNIOR, Gastão de Oliveira
Secretário Geral de Assistência Social

Médico cirurgião de formação, Gastão de Oliveira Guimarães Júnior devotou seus primeiros anos de carreira à clínica e pesquisa na área da psiquiatria, cujos resultados encontram-se consubstanciados em sua tese de doutoramento “Contribuição ao estudo da semiologia da pupila em alienados” (1906), defendida com louvor na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

O atendimento prestado gratuitamente a pacientes alienados lhe deu notoriedade no cenário médico da capital nos idos de 1903. Seis anos mais tarde, foi nomeado para ocupar, a priori interinamente, o cargo de Subcomissário de Hygiene e Assistência Pública, alçado ao posto de Comissário em 1913. Nesse mesmo período, reorientou sua prática profissional para a especialização em Otorrinolaringologia e Oftalmologia, clínicas as quais desempenhou na Comissão de Inspeção de Saúde dos Funcionários Municipais, para a qual foi designado em 1915, atuando também no Gabinete de Oftalmologia do Asilo de São Francisco de Assis no decorrer do ano de 1918. Teve passagem pelo Posto Central de Assistência, onde gradualmente transitara do atendimento clínico, em seus primeiros anos de formado, aos serviços como Consultor Técnico (1921), culminando na sua designação para chefiar a unidade em 1923. Em 1925, o atendimento ali prestado fora transferido para a Praça da República onde, agora em melhores instalações, passou a funcionar o Hospital de Pronto Socorro. A direção da nova instituição permanecera a cargo do Dr. Oliveira Guimarães que, no mesmo ano, foi indicado para liderar o serviço de Otorrinolaringologia e Oftalmologia da Diretoria Geral de Assistência.

Nomeado para a Secretaria Geral de Assistência Social em 12/09/1932, compôs, ao lado de vultuosos nomes como Anísio Teixeira, o corpo administrativo das reformas capitaneadas pelo então Prefeito do Distrito Federal, Pedro Ernesto. Ao longo dos 4 anos de sua gestão – em cujo período se dá a alteração do nome da respectiva pasta para Secretaria Geral de Saúde e Assistência -, o médico levou a cabo o projeto de reestruturação das instalações hospitalares municipais, com o lançamento dos planos de construção do que viriam a ser os Hospitais Getúlio Vargas, Carlos Chagas e Miguel Couto. Não obstante o reconhecimento e graça populares granjeados com suas realizações na saúde pública, foi alvo de contundentes acusações no seio da classe médica. As denúncias referiam-se à ausência de concursos públicos para o recrutamento de novos médicos, que se dava, por sua vez, através de discricionárias nomeações.

Os acontecimentos dos meses finais de 1935, mais precisamente a Intentona Comunista e seus desdobramentos nos rumos da política nacional, incidiram diretamente sobre a estrutura da administração pública, em todos as suas seções. Com o afastamento e consequente prisão do Prefeito Pedro Ernesto, sob suspeita de ter participado das conspirações contra o regime varguista, não só seus companheiros de gestão foram exonerados, como vários cargos extintos. Este foi o caso de Gastão de Oliveira Guimarães que, ao deixar a finda Secretaria Geral de Saúde e Assistência em 06/04/1936, teve seu nome retirado do que viria a ser o Hospital Miguel Couto, cuja construção foi idealizada pelo ex-Secretário e a ele homenagearia não fossem aquelas querelas políticas. Por ordenação do então Prefeito Henrique Dodsworth, foi aposentado em 1938 do posto de Subdiretor dos Serviços Hospitalares da Assistência, assim como todos os funcionários municipais com 30 anos completos de atividade, em conformidade com o art.177 da nova Constituição do Estado Novo.

Membro do Conselho Diretor da Assistência Médico Cirúrgica dos Empregados Municipais, por nomeação em 17/09/1932, dentre suas demais atribuições na esfera pública destaca-se a de Inspetor Técnico de Proteção à Infância, cargo exercido interinamente em 1927. Desempenhou também ofícios relacionados à Academia, sendo parte de bancas examinadoras para provas de auxiliares-acadêmicos. Era sócio benemérito da Associação Brasileira de Imprensa.

Faleceu em 14/08/1946, em sua residência no bairro do Flamengo, deixando viúva Luiza Barcellos de Oliveira Guimarães, mãe de seus dois filhos, Mariza e Maurício, tendo este último seguido os passos do pai como médico da Assistência. Seu corpo foi sepultado no cemitério de São João Batista.

Amanda Vilela

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