FRAGA, Clementino
Secretário Geral de Educação e Cultura (interino)

Filho de Clementino Rocha Fraga e D. Córdula de Magalhães Fraga, Clementino da Rocha Fraga nasceu em 15/09/1880, na cidade baiana de Muritiba.

Concluiu todas as etapas de sua vida acadêmica em seu estado natal, graduando-se em Medicina em 1903, aos 22 anos, pela Faculdade da Bahia, em Salvador.  Sua muito aclamada tese A Vontade, estudo psico-fisiológico acabou por lhe render o cargo de assistente da própria Faculdade, onde permaneceu por apenas 2 anos, até que recebesse notícia de sua classificação, em primeiro lugar, em concurso público para Inspetoria Sanitária da Capital Federal. Transferiu-se, então, para o Rio de Janeiro em 1906, onde, concomitantemente ao encargo público, exerceu atividade clínica nos bairros de Santa Cruz e Piedade. Na Inspetoria Sanitária teve a oportunidade de trabalhar ao lado do Dr. Oswaldo Cruz. Tendo na figura do médico sanitarista um de seus maiores mestres, anos depois viria a prestar homenagem póstuma ao Dr. com a publicação de Vida e Obra de Oswaldo Cruz (1972), biografia comemorativa de seu centenário de nascimento. De regresso à Bahia, foi classificado em concurso para professor substituto na sua Faculdade de formação, da qual tornou-se catedrático de clínica médica em 1914. Em 1913, foi enviado para representar o Brasil no Décimo Sétimo Congresso Internacional de Medicina, em Londres. Em Salvador, ainda assumiria, em 1917, Comissão Federal do estado de combate ao surto de febre amarela e, em 1921, o posto de Deputado Federal.

Transferido para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1925, foi nomeado logo em seguida para a Direção do Departamento Nacional de Saúde Pública, durante o governo de Washington Luís (1926-1930). Dois anos depois, chefiou a delegação brasileira no Congresso Internacional de Tuberculose, realizado na cidade de Córdoba, Argentina. Sua preocupação com a doença, evidenciada no expressivo volume de artigos e estudos acerca do tema, culminou na inauguração de um Curso Especial de Tuberculose, o qual ministrou por 12 anos consecutivos e pode verificar notáveis resultados. Em 1928, enfrentou grande surto de febre amarela na capital federal, somente comparável ao combatido por Oswaldo Cruz, tendo chefiado campanha vitoriosa contra a epidemia, não obstante as pressões públicas que sofreu. Teve sua atuação na administração pública interrompida com a eclosão da Revolução de 1930, que depôs Washington Luís e pôs termo ao que convencionou-se chamar de República Velha, retornando apenas 7 anos mais tarde. Em julho de 1937, foi nomeado para suceder Alcides Pinheiro Marques Canário na direção da pasta da Secretaria Geral de Saúde e Assistência do Distrito Federal. Permaneceu no exercício do cargo até 1940, conciliando com a clínica e a docência. Nesse ínterim, foi chamado para cobrir interinamente a Secretaria Geral de Educação e Cultura, com passagem muito breve (09/11/1937 – 28/12/1937).

Foi membro das academias de Medicina de Paris, Buenos Aires e da Academia de Ciências de Lisboa, e segundo ocupante da 36ª cadeira da Academia Brasileira de Letras desde 23/03/1939. Contando com 39 publicações, que variam entre Medicina e Literatura, destacam-se: Medicina e Humanismo (1942); Ensino Médico e Medicina Social (1932); e Reencontros Imaginários (1968).

Faleceu em 08/01/1971, no Rio de Janeiro, aos 90 anos de idade. Deixou viúva D. Olindina Fraga, com quem teve 3 filhos, dentre eles os professores Hélio Fraga e Clementino Fraga Filho, também médicos. Em sua memória, ergueu-se uma estátua na Gávea, bairro em que residiu nos últimos anos de vida.  

 

Amanda Vilela

Fontes

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