FONTES, Lourival
Secretário Geral do Gabinete do Prefeito (interino e efetivo) / Secretário Geral de Finanças / Diretor Geral de Turismo

Nono filho de Sizínio Martins Fontes e de Maria Prima de Carvalho Fontes, Lourival Fontes nasceu no seio de uma família pobre na cidade interiorana de Riachão de Dantas (SE), em 20/07/1899. Foi casado com a poetisa modernista e deputada estadual da Guanabara Adalgisa Nery (1940-1953).

Realizando os primeiros estudos em sua cidade natal e em Aracaju, no Ateneu Sergipense, Lourival Fontes chamou a atenção do presidente do estado do Sergipe pelos textos que desde 1914 publicava nos periódicos Jornal do Povo e Diário da Manhã, sendo enviado para Salvador (BA) como correspondente. Lá pôde continuar seus estudos, cursando três anos na Faculdade de Direito da Bahia. Também em Salvador colaborou com o  jornal A Tarde e foi co-fundador d’A Hora Literária, em 1918. Terminou seus estudos no Distrito Federal, bacharelando-se em direito na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, em 1922. Foi, no entanto, a profissão de jornalista e comunicador, nas suas interlocuções com a política, que seguiu ao longo de sua vida.

Após o seu bacharelado, Lourival Fontes ingressou na prefeitura do Distrito Federal, nos cargos de Oficial de Gabinete do Prefeito e de Agente da Prefeitura. Ainda na década de 1920, aproximou-se da Aliança Liberal no apoio à candidatura de Getúlio Vargas à presidência, aclamando igualmente a chegada deste ao poder em outubro de 1930. A relação com Vargas se revelará determinante em sua trajetória.

Nos anos 1930, aproximou-se do Fascismo e do Integralismo, criando duas revistas com este cunho ideológico no ano de 1931, Política e Hierarchia. Integrou também a associação integralista Sociedade de Estudos Políticos (SEP).

Ainda na década de 1930, candidatou-se, sem êxito, à Assembléia Constituinte de 1934. Foi também escolhido pelos usineiros de Sergipe para representá-los no Instituto do Açúcar e Álcool. Manteve-se na burocracia do Distrito Federal ao ocupar o cargo de Diretor Geral da Secretaria do Gabinete, organizando a “Feira de Amostras” de 1933 e a “Feira Internacional” de 1934, ambas no Rio de Janeiro.

A política das feiras e o peso da propaganda se mantiveram na sua gestão enquanto Diretor Geral de Turismo, que exerceu entre 24/12/1934 e 13/01/1937. De fato, a promoção do turismo no Rio de Janeiro, em especial internacionalmente, foi a tônica de seu mandato. Foi também Secretário Geral de Finanças durante alguns dias em 1936, demitindo-se em protesto contra a presença de ‘’membros nocivos’’ presentes na administração pública.

Em 1937, exonerou-se de seu cargo no Distrito Federal para se dedicar integralmente à direção do Departamento de Propaganda e Difusão Cultural (DPDC), cargo que já ocupava desde 1934. O DPDC seria transformado em Departamento Nacional de Propaganda (DNP) em 1938, e finalmente em Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) em 1939, sempre sob a direção de Fontes. O órgão, responsável pela censura e pela propaganda política durante o Estado Novo (1937-1945), era um dos pilares centrais da política de Vargas, transformando Lourival Fontes em figura chave do varguismo. Seria somente em 1942, na esteira da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial e da guinada na política nacional que daí decorreu, que será demitido do comando do órgão.

Na sequência, foi enviado como representante do Brasil no Conselho Administrativo do Bureau Internacional do Trabalho, em Nova York (1943-44), passando o ano de 1945 como embaixador no México, até ser exonerado com o fim do Estado Novo meses mais tarde.

Retornou ao cenário político ao gerenciar a propaganda da campanha à presidência de Getúlio Vargas, em 1950. Quando este foi eleito, Lourival Fontes foi escolhido para chefiar o Gabinete Civil da Presidência da República, sendo substituído em 1954, após o suicídio de Vargas.

Foi eleito então Senador de Sergipe (1955-1993), pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), defendendo que tanto Jânio Quadros quanto posteriormente João Goulart assumissem os seus cargos de Presidente da República. Também integrou as comissões de Constituição e Justiça, Educação e Cultura, e de Relações Exteriores dentro do Senado.

É autor de Homens e multidões (1950), Uma política de preconceitos (1957), Política, petróleo e população (1958), Missão ou demissão (1961) e A face final de Vargas; os bilhetes de Getúlio (1966).

Seu falecimento se deu em 03/07/1967, em função de um edema pulmonar. Após ter o corpo velado no Palácio Monroe, foi transladado e enterrado em Riachão de Dantas. Foi homenageado ao ter seu nome dado a ruas, escolas e outras instituições públicas em sua cidade natal e no restante do país, além de ter sido laureado com a Ordem Nacional do Mérito.

 

Caio Mathias

 

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