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ALBAGLI, Benjamim
Secretário Geral de Educação e Cultura

Filho de Alberto e Suzanna Albagli, Benjamin Albagli nasceu no dia 15 de março de 1910 em Paris, na França, mas logo veio acompanhado dos pais para a então Capital Federal, o Rio de Janeiro, naturalizando-se brasileiro em 1932. Casou-se em 1936 com a argentina Sarah Blujerman Koatz.

Aqui escolarizou-se, cursando o tradicional Colégio Pedro II e na sequência a Faculdade Nacional de Medicina, formando-se em 1933 com a tese “Metabolismo no Básico em Função da Alimentação e do Clima’’. Formou-se também na Escola de Economia e Direito da Universidade do Distrito Federal (UDF) em 1938. Posteriormente, fez diversos cursos de pós graduação nos Estados Unidos, retornando ao Brasil em 1945.

Enquanto médico, inicia sua trajetória ao adentrar os quadros da prefeitura carioca via concurso em 1932. Trabalhou no Instituto de Proteção e Assistência a Infância, no Hospital Gaffrée Guinle, na Clínica Médica da Universidade Federal Fluminense enquanto voluntário, na Clínica Neurológica, e chefiou a Seção de Endocrinologia da Policlínica de Botafogo.

Ao lado da atuação médica, dedicou-se ao magistério. Neste sentido, foi Docente Livre de Clínica Neurológica da Faculdade Nacional de Medicina e Professor de Anatomia e Fisiologia Humana do Instituto da Educação. Na pós graduação, ministrou aulas na Escola de Pós Graduação Médica e no Instituto de Pós Graduação Carlos Chagas, onde foi um dos criadores, em 1983, do curso de medicina familiar. Foi também docente de ciências sociais.

No período, buscou conciliar a carreira com a atuação política. Filiado à Esquerda Democrática, concorreu sem sucesso ao cargo de Vereador do Rio de Janeiro no pleito de 1947. No ano seguinte, filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB).

Em Março de 1956, foi indicado para o cargo de Secretário Geral de Educação e Cultura. No campo educativo, priorizou a questão das merendas escolares, reformulando seu conteúdo, e da problemática dos altos índices de reprovação. Já na cultura, tinha como missão a divulgação, inaugurando o Teatro de Campo Grande. Neste âmbito, destacou-se também pela contenta em que se envolveu com o conselho diretor do Theatro Municipal. Sua gestão, contudo, dura pouco, sendo exonerado em Novembro do mesmo ano após denúncias de que a indicação de um estrangeiro para a pasta feria a Lei Orgânica do Distrito Federal. Mesmo ganhando a causa na justiça e passando o ano seguinte buscando reassumir o posto, não mais retornou ao cargo.

Passou então a dirigir o Instituto de Nutrição da Guanabara, órgão criado pelo próprio Albagli quando foi secretário. Ficou responsável por coordenar não só a merenda escolar das escolas públicas do Estado, como também pelos cursos de nutrição ofertados pelo instituto. Neste âmbito, teve destacado papel na constituição da nutrição enquanto disciplina, advogando pela necessidade de um curso próprio separado ao da medicina.

Foi eleito em 1970 para dirigir a Associação Brasileira de Educação. O posto lhe facultou uma cadeira no interior do Conselho de Defesa dos Direitos das Pessoas Humanas (CDDPH), órgão responsável por zelar pelos direitos humanos e investigar os casos em que estes eram feridos pelo Estado Brasileiro. Em plena Ditadura Empresarial-Militar, as reuniões do conselho eram fechadas e esvaziadas propositalmente. Todavia, teve importante papel na campanha pela Anistia ampla, geral e irrestrita e no processo de redemocratização política quando novas entidades da sociedade civil passaram a compor o colegiado. Albagli por diversas vezes denunciou os empecilhos e as obstruções feitas ao órgão pelo governo dos militares, assim como buscou reabrir e investigar processos já arquivados pelo CDDPH. Destaca-se neste sentido o caso do Deputado Rubens Paiva, assassinado pela Ditadura Empresarial-Militar, caso que Albagli investigava quando veio a falecer em 1986.

Membro da Academia Nacional de Medicina (ANM) desde 1954, ocupou a cadeira de nº 54. Foi também membro da Sociedade de Medicina e Cirurgia, da Academia Nacional de Medicina Militar e perito da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Em homenagem, foi dado o seu nome a uma rua no bairro de Jacarepaguá.

Faleceu em 22 de maio de 1986.

Caio Mathias

Fontes

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