AFRÂNIO PEIXOTO, Júlio
Diretor Geral de Instrução Pública Municipal (interino)

Filho de Virgínia de Morais Peixoto e do capitão Francisco Afrânio Peixoto, Júlio Afrânio Peixoto nasceu em 17/12/1876, em Lençóis, Lavras Diamantinas, BA.

Logo após diplomar-se com láurea acadêmica pela Faculdade de Medicina da Bahia, foi chamado para a cátedra de Medicina Pública na Faculdade Livre de Direito de Salvador, dando início a sua trajetória acadêmica. Em 1902, mudou-se para o Rio de Janeiro, Capital Federal, assumindo os cargos de Inspetor de Saúde Pública (1902) e, no ano seguinte, Diretor do Hospital Nacional de Alienados. Integrou o quadro docente da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1906, ao substituir o titular da cadeira de Higiene e, posteriormente, prestou concurso para lecionar Medicina Legal. Durante três anos respondeu pelo Serviço Médico Legal da Polícia (1907-1911), quando, após participar da exumação do corpo de Euclides da Cunha, foi eleito para sucedê-lo na cadeira 07 da Academia Brasileira de Letras. Nesta, obteve grande destaque, tendo parte em distintos exercícios, como a  Comissão de Bibliografia (1918), a Comissão de Redação da Revista (1911-1920) e a Comissão de Lexicografia (1920 e 1922). Em 1923, ao presidir a Casa de Machado de Assis, aproximou-se da embaixada francesa, com a qual negociou a réplica do Petit Trianon, construída para a Exposição da França no Centenário da Independência do Brasil. Através desta bem-sucedida aliança, em 1935, Afrânio Peixoto, na função de primeiro reitor da Universidade do Distrito Federal, contou com missões francesas para auxiliar na estruturação dos cursos da recém criada instituição de ensino. De breve duração, a UDF, em detrimento de um padrão de ensino altamente profissionalizante, melhor representava o projeto inovador de formação de um centro intelectual. No entanto, acabou por sucumbir às disputas ideológicas do período e aos ataques dos grupos de articulação católico e integralista, tendo seu fechar de portas datado de logo após a revolta comunista de novembro de 1935, com seus fundadores acusados de envolvimento e demitidos. Dentre estes, figuravam Afrânio Peixoto e Anísio Teixeira, idealizador do projeto e Diretor do Departamento de Educação do Distrito Federal.

Outras ocupações que exerceu foram a de diretor da Escola Normal do Rio de Janeiro (1915), professor de História da Educação do Instituto de Educação do Rio de Janeiro (1932), Reitor da Universidade do Distrito Federal(1935); bem como os cargos da administração pública, a saber Diretor da Instrução Pública do Distrito Federal (1916) e Deputado Federal pela Bahia (1924-1930). Um grande feito foi a criação da Biblioteca de Cultura Nacional, inaugurada com a biografia de Castro Alves, cuja coleção foi nomeada em sua homenagem.

Além de sua atividade clínica e política, Afrânio Peixoto consagrou-se como renomado literato e ensaísta. Sua primeira obra, Rosa Mística, permeada pelo simbolismo, não obstante ter sido renegada pelo autor, rendeu-lhe as honras que o levaram à ABL. Outras publicações aclamadas são a trilogia regionalista Maria Bonita (1914), Fruta do Mato (1920) e Bugrinha (1922); os romances urbanos As razões do coração (1925), Uma mulher Como as Outras (1928), Sinhazinha (1929) e A Esfinge (1911), o qual escrevera numa das viagens sabáticas em que viria a conhecer sua futura esposa, Francisca de Faria Peixoto.

Era membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia Nacional de Medicina Legal, do Instituto de Medicina de Madri, dentre outras.

Faleceu no Rio de Janeiro em 12/01/1947, sendo velado na Academia Brasileira de Letras e enterrado no cemitério São João Batista, em Botafogo.

 

Amanda Vilela.

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